Se no purgatório, por que o inverno?

Trêmulas mãos gemem-me o bolso!
Ah, em tais invernos propícios,
empobreceram-nos ricos sonhos:
frios demais para serem vividos!

Voz amiga, sem quaisquer afonias,
gritou-me horizontes muito seus,
ou meus; eis tais jornadas lidas
pela mudez deste loiro mausóléu

em que giram girassóis sem sóis
com sentidos no último pesadelo:
a ansiosa e dolorida intimidade

pela qual feri até as suas flores,
em cujo jardim íntimo há ferida
nas pétalas por você escorridas!

Autor: Lucas Vinícius da Rosa