Do meu contrato social

Sou hoje este proprietário: de mim próprio
e fiz entorpecida a terra alheia com ópio
para transgredir todas as más fronteiras
da traição dantesca e humanas falências

A decadência do espírito dói, senão mata:
eis esta a faca que os corações apunhala.
Na casamata, abrigaram-se as várias dores
do meu soldado em cujo solo há tremores

Se nascidos em branco na condição natural
por que sujamo-nos de maneira tão brutal?
Vejo legitimado, neste solo, o lado animal

Talvez se os opiácios afetassem o sangue
com sentimento voraz, todavia edificante
ter-se-ia a propriedade sangrada e amada.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa