Fiat Lux

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Sendo, para o homem contido e inerte em sua sociedade, confraria, clã, comunidade, ou organismo — como se queira chamar um palito de fósforo numa caixa de outros milhares de palitos similares, de cabeça já queimada –, a cultura atual algo a ser enaltecido e adornado em formosas estátuas, na terra e no céu; a cultura vigente, além disso, ser objeto de veneração, já que é fruto das conquistas de um passado límpido como um mangue marrom, no qual certamente não havia, nem o há segundo o sátiro, separação entre o sangue azul e o vermelho entre seus ditos semelhantes sob o código da lei jurado; esta cultura bela e condecorada, perfumada com essências de um falso Olimpo, com Afrodites que desfilam com saltos quebrados e vestidos rasgados em sua cauda, tesouros hereditários com os quais se enterram em seus sepulcros de mármore que se duvida ser calcário, orgulhosos e soberbos, essas cabeças de palito de fósforo, para que eles mesmos, enquanto morrem, deixem seu legado viver, é justamente o que vomitei variadas vezes, até ver-me o estômago vazio, porém com PH superior, deverás menos ácido a este “Museu de Grandes Novidades” em que eu e Cazuza nascemos.

Assim, tranquilamente e mais leve, pude mergulhar profundamente em minhas virtudes mais perigosas, todavia que não massacram meu espírito ou o de outrem, senão o eleva (ao Übermensch — Além-Homem): desse modo acendi grandiosa chama em meu peito, sem recorrer à caixa de palitos de fósforo dos cabeças de carvão defumado.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa