Crítica mundial do mundo

Olhos desinteressados anunciam e denunciam
que aquelas vistas sequer foram utilizadas
nunca viveram as desventuras aventuradas
não saborearam prato fio após a meia-noite

Em um impulso irrompe-se aquele princípio,
aquela amarra que acorrenta a nós mesmos;
sabe aquele fio tênue que o separa de tudo?
que individualiza a alma, e releva à esmo,
faz-lhe coletivo sonhador de sonho travesso

Eis que, como míopes e cordiais hipócritas,
enxergam lucro em tudo, não valem um vintém
poupam seu rico dinheiro, nisso se entretém
eis está riqueza: economizam menos o desdém

Práticos da hipótese, aplicadores da teoria
todavia, proposição de cunho falho e crasso
uma vez que roga doutrina até no dia-a-dia;
atinge equívoco porque por aparelho respira

Repudiam viajante errante, de acaso vagante
quem cumpre itinerário incerto, cambaleante
o qual cumprimenta à alta e baixa hierarquia
eis que este está aquém das idas e vindas!

Como Dom Quixote, nascido anti-herói, galopa
atravessa campos vastos e hasteia a bandeira,
levanta um signo que significa vida estendida
pisa na convenção que o afina, que o delimita

Ah, contrato fajuto cujos termos são absolutos
ainda quando em estado analfabeto, mero vulto,
implicam que assinemos acordo social resoluto;
sem discernimento assim legimitam tal estatuto

Ao passo que grandes apartam o pensar pequeno
questiono, do finito ao infinito, a mim mesmo
por um suspiro, um odor, uma mulher, um beijo
o mundo desordena-se, perde a lei em tal esmo

Mas, por que, por que insistem em se debater?
rebatendo-se por entre leis antigas complexas
Bastaria somente viver esta desordem perplexa
da vida suspirada, beijada pela mulher alheia

Proponho-lhes que sigam-me com minhas palavras
Venham…já no princípio da longínqua jornada
surge logo o horizonte, que se estica ao longe
pense comigo, e basta apenas uma única vez,
a utopia, que é a miragem, a linha no horizonte
puxa-nos em sua direção, sem lei, incessante,
permite-nos sonhar, se uma vez rédea do volante!

Autor: Lucas Vinícius da Rosa