Um domingo ensolarado

Você pode se confortar; está permitido. Imagino que essa sensação, com nascente em nosso próprio impeto, pensamento, seja partilhada pelos meus compadres de espécie. Este Sol arde no rosto. Contudo, antes de queimar, brinda-me com ultravioletas maravilhosas. Ilumina sorrisos espantosos em bocas que sequer conhecia. E nesse fluxo, em que alguns sofrem insolação e outros se bronzeiam, percebo a caminhada de cada um. Esclareço os meus sentidos, sentindo outros sofrimentos e amores. Esses escritores insanos, alguns românticos, outros puramente realistas ou céticos, pungiram meu julgamento de forma fatal. Goeth arriscou expor seu espírito já muito jovem; acho que como Rimbaud ele nunca foi velho. Vinícius da Moraes rejuvenescia sua existência com garotas de Ipanema e whiskey. Justo. Cada um ao seu modo. O que é incontestável, porém, é o Sol, elevado e implacável, ele mesmo, vítima de tantos nomes que o atribuíram as mitologias; chega ele para todos; basta abrir a janela. Eu só faço escrever sobre o fenômeno.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa