Sonho meu tão seu

Sem cores outras, sonhava eu
tão somente em preto e branco
até que por um súbito encanto
seu belo espectro me apareceu

Talvez viesse-me sempre você
ao meu repouso inconsciente,
agitando-me de modo recorrente
na cama; sorria sem nem saber

Precisaria acordar para ver
se tal sonho não me enganava
à medida em que eu imaginava
relances seus de estarrecer

Se no divã do implácavel Freud
para ele, convicto, eu mentiria
narrando coisa outra disforme,
e com seu, meu, sonho ficaria!

Seu lábio rosado pintou o quadro
do qual Monet invejou impressão;
retrato este por mim emoldurado,
e pregado em meu peito agora são

Respiro, arfante, neste instante
desejando a glória do sonâmbulo
que anda pela procura constante
de achar em seus braços consolo!

Autor: Lucas Vinícius da Rosa