Sobre o umbigo humano

As linhas tênues dos lábios são cinzas;
Como nuvens cirros que se pintam sem cor
fazendo das dores sofrimentos em lágrimas
Que decaem das alturas que não se alcança

E nesta esperança por uma gotícula de vida
Chuva ácida queima-nos a ponta da língua
À medida que tenta-se secar almas mui secas:
Eis os estereótipos da fatalidade que sorri.

Com os olhos de quem não deu-se conta, Ah!
Aristóteles, se não cairem cabras da árvore,
Chorou pelo coração que ascendia aos céus
Enxergava no Thauma, espanto de quem vive
O flagelo humano que faz tudo reproduzir;
Impossível não cuspir dois versos a mais!

Os bronzes de Dodona sacodem as Grécias
Ensurdecendo todos os cavaleiros frios
Cujas armaduras protegem só falsamente;
Farpas de flecha alva também são trevas

E continua acinzentado na abóboda celeste
Enquanto se impõe este hino de poeta cru
E pérfido, e cadavérico, e macilento e nu
Mas que se virado do avesso faz viver!

Com as arcadas das bocas mais lambusadas
Que beijam as pálpebras belas pelo belo
E acha honesto motivo para desbotar a rosa
Que aflora-se imperiosa e antes umbilical

Vê? Fiz a descrição do cordão da vida!

Autor: Lucas Vinícius da Rosa