Paul, Paul, Paul…

Êxtase talvez seja a palavra. Como é possível um ser humano, como qualquer outro, concentrar tanta energia de vida? Ao som de Hey Jude pude notar, como bem observado por um amigo, a noção de infinito. Não o infinito da matemática, que nos remete ao pouco compreensível, mas o infinito da alma. A música chega aos corações. No meio das 30 mil e poucas (ou tantas) pessoas, estávamos nós, molhados, com frio, com fome, mesmo assim extasiados. Something nos deixava felizes.

Dance tonight, é… foi o que fizemos. Ao som de Beatles, ao som de Paul. Gerações, dos 8 aos 80, sorriam e cantavam observando um senhor britânico de suspensórios esforçar-se para pronunciar algumas palavras simpáticas em português. Simpatia foi o que permeou a noite, I’ve Got a Feeling. Não precisou perguntar nada a ninguém. Nos conhecíamos, um estádio inteiro de pessoas amigas, uma amizade cravada na música, na poesia. Tributo ao Ringo, ao Jorge, ao John e a nós. The night before lembrei da fila enfrentada para comprar os ingressos, valeu pena.

I’ve Just Seen a Face de uma menina em prantos. Ela não acreditava no que via, no que ouvia, talvez nem eu. O importante é que eu estava lá. Obrigado pelo presente. As quase 3 horas de apresentação passaram como um Jet, mas o sabor ficou. Também ficou a história a ser contada. Eu vi de perto um dos meninos de Liverpool, que balançaram os anos 60, 70, 80… 2000, foi A Day in the Life.

See you next time, disse ele despedindo-se. Ficamos felizes. Será mesmo que nos veremos de novo? Espero que sim. Afinal, ouvir ao vivo Yesterday, Come and Get It, Sing the Changes, Get Back e Blackbird não tem preço. Se ele não voltar, sem problemas, Let it Be, por uma noite fomos privilegiados.

Autor: Armindo Guerra Jr.