O que não ensinam nos bancos da escola

Pense fora da caixa, porém sobre ela.
Pense fora da caixa, porém sobre ela.

 

A cabeça humana será sempre uma convulsão de sentimentos e percepções; explico-me. As drogas a ela trazidas — esqueça-se aqui a classificação moral do que deve ou não ser colocado em seu corpo, mas sim o efeito natural ao que a ele se faz — não irão modificar isso ao ponto de não ser uma convulsão. Será apenas uma convulsão diferente.

Amar é uma droga? Certamente. Ninguém irá negar a convulsão por ele trazida. Alguns padecem dele. Outros, nele encontram a cura.

A sociedade ama? Seus indivíduos amam. Em seus mundos particulares, cada um vive sua aflição mais violenta e a mais aprazível. No entanto, inegável é a tendência, movida pela insegurança, em se aplacar pelo amor alheio as próprias deficiências. E eu aqui, amando meus defeitos.

Quanto às outras questões, veja-se a repetição incessante, mecânica e quase imperceptível aos seres que a repetem: as cerimônias, os rituais, os cargos de sucesso, o status, os patrimônios, a ostentação, a dominação, a opressão, os ratos das piscinas nos quintais. Obviamente, para o viés pessimista há seu complemento; vide o parágrafo sobre amor acima recitado. Não sou Schopenhauer, meus apedrejadores.

Tratemos agora das ilusões. A felicidade cunhou-se, pela influência ancestral dos gregos Platão e seu medíocre Aristóteles, como algo tangível e simultaneamente eterno. Seja pela contemplação de um mundo que nem aqui está — mundo das ideias este recheado de lodo –, ou pela perseguição de um estado de alegria plena. Ah! O que faríamos das criações humanas sem a tragédia, a comédia, a dor e o êxtase?

A ilusão sobre a suposta felicidade é uma droga trazida pela humanidade, já há muito tempo. Vendem-se por ela livros, mas não se compram almas. Sob o véu da existência humana, existe o tormento em buscar sempre um conforto, um ombro alheio, um calor em outro coração que jamais irá irrigar seu sangue pela aorta de outro.

Há uma fraqueza latente no ser. Naturalmente, peitos estufados irão me crucificar. Imagine-se se nos tempos da Santa Inquisição eu estivesse. Estaria, gargalhando como talvez não tenha feito Galileu, tendo meus membros queimados pela chama da salvação dos hereges. Retornando ao raciocínio, porém, e portanto, ser fraco não é ruim. Não admitir tal condição, todavia, é subtrair a possibilidade de se forjar a coragem.

O vexame na humanidade não é apenas o sangue derramado para serem firmados os conceitos mais essenciais. Mas a desonestidade em não amar suas próprias limitações, para que se possa expandi-las em prol do humano, e não do ser social. Uma análise histórica do homem irá confirmar por que, em cada torniquete dos livros cujas massas leem, existe uma mancha vermelha oculta por um marca texto escrito: “seremos melhores como sempre fomos”.

Prefiro que meu Sol nasça resplandescente e áureo, ciente de seu crepúsculo inevitável e sublime. Que sobrem as sombras aos rostos delicados e de quase verdades passivas.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa