Na mansão dos vivos

Ao que construíam onde eu morar iria
tive a ciência precoce de que não há
construção eterna à qual lar chamaria;
a lágrima do tempo faz tudo desmoronar

Fundaram casas sagradas nos mangues
e compuseram estradas de pó pantanoso
de modo a alcançar um lugar de sonhos
sob um céu de estrelas extravagantes

Os pilares a susterem estas moradias
se impõem mediante o esforço humano
de carregar em seus ombros mundanos
razões para crucificar as suas vidas

Sob o remorso dos pecados e da culpa
vigilantes operários assim levantaram
o grandioso monumento de sua cultura
sobre ossos que os tempos enterraram

Neste conjunto habitacional rodeado
por oceanos cheios de fortes choros
reside a humanidade e seus Estados;
e a sua história encoberta por lodo.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa