A flecha envenenada de Eros

A Paixão, furtiva e silenciosa ladra,
veio toda voluptuosa àquele ser frágil;
furou-lhe a flecha de Eros envenenada,
revigorou-se o espírito antes deplorável.

Entretido com a droga das amabilidades
incapaz fora de avaliar como era negro
o colossal abismo destas bestialidades
que lhe cobríam as vestes de desafeto.

Ocorre que a outra parte não deu parte
de arder o peito com a vermelha brasa
com que no tolo amante ainda queimava.

Não suficiente tal e tamanha crueldade
nesta vida humana o suplício não falta
já que a Paixão vai e volta mais tarde.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa